quinta-feira, 22 de abril de 2010

O CRIME DO PADRE AMARO

Leia o comentário abaixo:
O privado no romance O Crime do Padre Amaro, a primeira obra naturalista da Língua Portuguesa, compõe um registro implacável da realidade, incluindo seus aspectos repugnantes e grotescos. Eça de Queirós aponta a corrupção existente no meio eclesiástico da época.
O padre Amaro em nada se adequava aos cânones da Igreja Católica. O desejo pela mulher sempre foi um grande desafio. Mesmo as imagens de santas da Igreja ele conseguia ver, em lugar de um sagrado símbolo de pureza e castidade, a sensualidade de uma mulher atraente e provocante. (...) esquecia a santidade da Virgem, via apenas diante de si uma linda moça loura; amava-a; suspirava; despindo-se olhava-a de revés lubricamente; e mesmo a sua curiosidade ousava erguer as pregas castas da túnica azul da imagem e supor formas, redondezas, uma carne branca.(...) (p.11).
É na qualidade de padre que Amaro após se apaixonar por Amélia e conquistar sua amada a envolve em seus carinhos vivendo perigosamente um romance nada ortodoxo, fato que vai contra as regras estabelecidas pela Igreja. Como se isso já não bastasse, Amélia fica grávida, sendo em seguida abandonada por Amaro, que, atolando-se ainda mais em ações desonrosas entrega seu filho a uma “tecedeira de anjos” e a criança morre.
A atitude do padre Amaro não possuía nenhum resquício de virtuosidade, pois tendo engravidado Amélia, logo a abandonou como forma de conservar perante a sociedade, sua falsa máscara de “discípulo de Deus.” Essa atitude foi necessária como forma eficaz de encobrir mais uma das façanhas ocorridas dentro da Igreja Católica. Amaro transgrediu as Leis da Igreja e se isso chegasse ao conhecimento daquela gente simples e devota da redondeza certamente seria motivo de escândalo, nada suportável para a pequena cidade onde viviam.
Depois da morte de Amélia, ainda existia o filho do padre, outro problema que poderia significar o fim da reputação de Amaro. Para livrar-se do pecado do homicídio, doou a criança à uma senhora que tinha costume de matar crianças.
No amor clandestino de Amélia transparece o resultado trágico de uma formação num meio provinciano e atrasado, centrado no poder eclesiástico. A casa de Amélia é um beatário, centro de convivência dos poderosos e amorais sacerdotes da cidade (padre Natário e padre Brito), em que impera a superficialidade dos rituais e uma deformação dos conceitos religiosos cristãos.
As vulgaridades burguesas de Leiria não se restringem apenas aos vícios e grosserias de religiosos mas estendem-se a outros personagens: O jornalista Agostinho Pinheiro, Gouveia Ledesma e João Eduardo, noivo de Amélia, que neste ambiente, enciumado com as atenções da moça com o Pe. Amaro escreveu um anônimo “Comunicado” na Voz do Distrito, criticando a convivência de padres com amantes. Motivo para romper o noivado com Amélia.
O Crime do Padre Amaro situa sua análise no campo da sexualidade masculina e feminina, enfocando uma leitura que tenciona o relacionamento conjugal com os apelos carnais e desejos inerentes aos seres humanos, confrontando-os com a rígida moral da sociedade burguesa do século XIX.
Uma “moral aceita, aquela que todos fingem respeitar” (DUBY, 1989, p. 17), revivendo o período literário português do século XII, com indícios de concubinato, dos amores, da prostituição, assim como a exaltação do sistema de valores, das proezas e da virilidade (idem), caracterizando uma antagonização entre a “vivência” e a “aparência”, entre a exigência e prática, entre o pretendido, o defendido, o aceito e o concreto, a realidade. Entre o público e o privado.

Comente os trechos destacados abaixo, identificando exemplos da obra que possam comprová-los.

01) O padre Amaro em nada se adequava aos cânones da Igreja Católica

02) Amélia fica grávida, sendo em seguida abandonada por Amaro

03) No amor clandestino de Amélia transparece o resultado trágico de uma formação num meio provinciano e atrasado, centrado no poder eclesiástico.

04) A casa de Amélia é um beatário, centro de convivência dos poderosos e amorais sacerdotes da cidade (padre Natário e padre Brito), em que impera a superficialidade dos rituais e uma deformação dos conceitos religiosos cristãos.

05) Caracterizando uma antagonização entre a “vivência” e a “aparência”, entre a exigência e prática, entre o pretendido, o defendido, o aceito e o concreto, a realidade. Entre o público e o privado.

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